Balanço financeiro de quem vem destruindo a Copasa
3 de agosto de 2023O 1º de agosto deste ano ficará registrado na história da Copasa pela forte queda de 8,45% das ações da empresa, despencando a R$ 18,53 na bolsa de valores, com uma mínima de R$ 18,30, ou 9,58% de baixa no pregão.
As agências norteadoras de investidores diagnosticavam a venda dos papéis da empresa como iniciativa urgente de proteção de investimentos em queda.
Não mera coincidência, um dia antes a Copasa anunciou resultados muito abaixo da expectativa de mercado em seu balanço financeiro do segundo trimestre. Para uma aposta de lucro líquido de R$ 300 milhões, a empresa ficou devendo com seus R$ 249,3 milhões alcançados.
Não devemos esquecer que a empresa obteve um reajuste tarifário médio de 15,7% em 1º de janeiro deste ano, superando em muito a inflação anual e alcançou aumento de 3% no volume medido de água e de 2,8% no de esgoto.
Mas nem só de números positivos vive uma empresa de serviços públicos administrada por oriundos de empresas de capital privado e que têm interesse em concorrência para tomar a concessão dos serviços.
A Copasa vem sendo gerida para encolher de tamanho, perdendo concessões sem luta pela conservação de contratos e se transformou em algo muito mais parecido com um banco do que uma empresa pública de serviços essenciais e vitais para a saúde da população. A empresa vem sendo dilapidada em seu patrimônio físico e de capital humano. Numa tacada de PDVI está eliminando 736 trabalhadores qualificados de seu quadro funcional e isto, não duvidem, impacta a qualidade do serviço prestado, sobretudo porque não se permite a reposição de vagas, de trabalhadores qualificados para o “bem atender” a população consumidora.
O mercado está desconfiado e estimulado a vender ações da empresa, que vem se endividando e que, antes do resultado menor do que o esperado no segundo trimestre/2023, lançou no mercado debêntures no valor de R$ 900 milhões.
Os números, repetimos, modelam expectativas boas ou ruins para quem os conhece com transparência. Infelizmente não é isto que acontece com a Copasa. O mercado sabe que o lucro líquido ficou nos R$ 249,3 milhões no segundo trimestre e até que foram provisionados R$ 115,1 milhões para pagar as rescisões de quem aderiu ao Programa de Desligamento. Este “mercado” também sabe das variações comparativas dos segundos trimestres separados em um ano, com variação positiva de 8,4%, mas costuma levar muito mais em consideração que o resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 21,7 milhões no segundo trimestre de 2023, uma diminuição de 72,8% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.
Mas, para nós trabalhadores, que lutamos também para preservar a empresa, o mercado não tem a transparência sobre a distribuição diferenciada aos trabalhadores pela participação nos lucros, com valores cerca de quatro vezes maiores já recebidos por categorias diferenciadas (como engenheiros) além de escandalosos “prêmios” para os cargos da estratosfera administrativa. São informações não apenas para desconfiar da saúde dos “papéis acionários”, mas também para ficar com as barbas de bolho diante de uma necessária investigação da Assembleia Legislativa, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e de Audiência Pública que vai ter para discutir salário, dividendos e bônus na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Os números dos balanços da Copasa em nada nos surpreendem, diante das gestões colocadas na empresa pelo Governo Zema, cansados de denunciar escândalos como os R$ 490 mil de remuneração do ex-presidente recebido em apenas um mês, as contratações irregulares em recrutamento amplo, a burla do concurso público prescrito pela Constituição de Minas Gerais e de regulamentos internos como o Plano de Cargos e Salários para progressão nas carreiras, rasgados pelo governo e pelos gestores em suas decisões inescrupulosas.