Dia da consciência negra “racismo perpetua a desigualdade”
6 de dezembro de 2022Reflexo do racismo estrutural e da enorme desigualdade racial existentes no Brasil, a maioria dos trabalhadores da Copasa é formada por negros, mas são raros os que ocupam cargos de confiança nos escalões mais altos, como órgãos de governança e gerências. De acordo com dados de 2021, dos 10.692 trabalhadores da empresa, 5.802 são negros, o que representa 54,27% do total da mão de obra. No entanto, somente 25,52% dos cargos de chefia são ocupados por negros. O índice é ainda menor em diretorias. Dos 17 integrantes dos órgãos de governança, em 2021, apenas dois eram negros (11,76%).
A maioria dos negros, na Copasa, trabalha no setor operacional e, quando são promovidos à chefia, geralmente ocupam cargo de encarregado, na base da pirâmide. Dos 8.108 trabalhadores da área, 55,08% são negros. Em 2021, havia 4.466 negros no operacional, o que representava 76,97% do total de trabalhadores negros da empresa.
Apesar da forte desigualdade racial existente na Copasa, a luta pela valorização dos negros na empresa ganhou força a partir de 2005, quando o debate começou a se aprofundar, com apoio do SINDÁGUA. Na negociação salarial de 2006, o Sindicato mobilizou a categoria e conseguiu incluir no Acordo Coletivo de 2006/2008 uma cláusula específica, com o objetivo de garantir “a igualdade de oportunidades por meio da ação afirmativa e da discriminação positiva”. Foi um avanço significativo para as mulheres e os negros que trabalham na empresa.
Na época, havia somente 700 trabalhadores negros declarados na Copasa. Depois, esse número cresceu, até chegar aos 5.802 negros e negras declarados em 2021. Um espelho do Brasil, onde negros e pardos são maioria, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas encontram enormes obstáculos, devido ao racismo estrutural e à desigualdade racial, e estão em franca desvantagem na comparação com os brancos. Mesmo com 56% da população se autodeclarando de raça negra, o Brasil possui apenas 29,9% de negros ocupando cargos de gerência.
O ambiente de trabalho é apenas um dos aspectos que expõem o abismo social entre negros e brancos. Os números e índices da desigualdade racial evidenciam a necessidade de reflexão, mobilização e resistência na luta contra o racismo em todos os setores da sociedade, simbolizada no Dia da Consciência Negra (20 de novembro), que lembra a morte de Zumbi dos Palmares.
Mês emblemático, o Novembro Negro reforça a urgência do combate ao racismo estrutural, que molda as pessoas e instituições a considerarem “normal” ações, hábitos, situações, falas e pensamentos arraigados na vida cotidiana que promovem segregação e preconceito contra população negra e, mais ainda, a aceitarem como “natural” que negros e brancos ocupem lugares diferentes.