23 de janeiro de 2025
O Sindágua lê a notícia para você: A partir do novo marco legal do saneamento básico, o número de cidades brasileiras que entregaram a concessão para o setor privado deu um salto de 291, em 2019, para mais de 1.600, em 2024.Os dados foram divulgados pela Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), que aponta um crescimento de 5% para 30%, um salto de 466%, depois de articulações intensas para tomar os serviços públicos essenciais da responsabilidade dos estados e municípios, obrigados a licitações no setor.A Abcon estima um avanço ainda maior agora em 2025, colocando na alça e mira as concessões nos estados de Pernambuco, Pará e Rondônia, com projetos estruturados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com a suposta atração de investimentos de R$ 74,6 bilhões.A estratégia de empresas como a Aegea e Iguá define como prioridades áreas na região amazônica. Para atingir os avanços no setor, os gestores destas empresas propagam a importância de “amadurecer o ecossistema financeiro”, isto representando a implementação de políticas para “reduzir custos e atrair novos investimentos”, necessários para atingir a universalização no saneamento.Em relação às metas propostas pelo marco do saneamento, com abastecimento de água para 99% da população e 90% de coleta de esgotos até 2033, o Instituto Trata Brasil já faz um diagnóstico que o “prazo está ameaçado”.Leilões previstos para 2025 são usados para propalar bilhões em investimento, que fariam verdadeira revolução na realidade de regiões historicamente negligenciadas, por serem de baixo índice de desenvolvimento humano e que, escancare-se a verdade, continuarão não sendo atrativos para a ganância do lucro dos privatistas. Os números indicam que aproximadamente 32 milhões de brasileiros continuam sem acesso à água potável e mais de 90 milhões não têm coleta e tratamento de esgotos.As empresas privadas se insinuam por áreas urbanas que representam um filé nas suas receitas com tarifas majoradas logo que absorvem as concessões. A periferia, de vastas áreas de pobreza e de abandono, que precisam de “tarifas sociais”, continua na fila de espera.